Resenha Crítica – Trilogia Kafka: A Anatomia do Cárcere e a Estetização da Impotência Resenha Crítica — Trilogia Kafka: A Anatomia do Cárcere e a Estetização da Impotência Por Márcia Boaro Publicado em Os Que Lutam O espetáculo Trilogia Kafka , em cartaz no Teatro Núcleo Experimental, é fruto do trabalho conjunto de Helio Cicero, André Capuano e Pedro Conrado, sob direção e adaptação de Cesar Ribeiro. Mais do que uma montagem que transita entre literatura e cena, trata-se de um projeto dramatúrgico que articula atuação, espaço e pensamento em uma operação estética de alta densidade. Ao escolher quatro textos de Franz Kafka — Diante da Lei, O Artista da Fome, Relatório para uma Academia e Carta ao Pai —, o espetáculo não realiza uma adaptação no sentido tradicional, mas constrói um dispositivo de análise, exposição e desnudamento dos sistemas de opressão que a...

Um olhar sobre as Anas, Miquitas, Coras e Outras Mulheres

 Pode ser um doodle de texto que diz "Coletivo Dolores Boca Aberta APRESENTA Anas, Miquitas, Coras e Outras Mulheres LESTE VENTO CDC NO GRÁTIS TEATRO MAIO SEXTAS SEXTAS5,12.19E26AS2OH ÀS SÁBADOS 13. 20 E 27 ÀS 20H RUA DR. FREDERICO BROTERO, N°60 PRÓX. AO METRÔ PATRIARCA 16 AP0IO: PARCERIA: FRN REALIZAÇÃO: EARTES DETEATRO Prlaneta's Planeta's Piolin ESTE ROJETO CONTEMPLADO A38 EDIÇÃO PROGRAMA MUNICIPAL DE FOMENTO TEATRO PARAA CIDADE DESÃ PAULO SECRETARIA MUNICIPAL CULTURA paulo ultura. SĂOPAULO"

Um olhar profundo sobre a vida das mulheres proletárias é a premissa central explorada pelo núcleo Coras, pertencente ao Grupo Dolores Boca Aberta, para criar um espetáculo. Durante o processo de criação, elas se basearam em relatos pessoais, poemas de Cora Coralina, Carolina Maria de jesus, Patrícia Galvão (Pagú) e Ângela Davis, buscando capturar a essência das experiências femininas nesse contexto.

No palco são quatro atrizes, acompanhadas por um músico que dá vida à trilha sonora do espetáculo. A duração do espetáculo ultrapassa uma hora, porém, devido aos temas abordados, o tempo parece passar rapidamente, à medida que somos absorvidos pela sucessão de cenas.

Uma das características marcantes da encenação é a forma como as atrizes se revezam no protagonismo das cenas, as demais compõem outras personagens ou coros. Essa dinâmica contribui para a construção de uma narrativa complexa e multifacetada.

 

A dramaturgia adotada é, em sua essência, uma filiação ao estilo épico, buscando transmitir uma visão ampla e abrangente das vivências das mulheres proletárias. No entanto, também são inseridos momentos de teatro documentário, nos quais cada atriz tem a oportunidade de compartilhar relatos e experiências reais, trazendo à tona a autenticidade e a força dessas mulheres. Além disso, o espetáculo apresenta cenas pós-dramáticas. A unidade do espetáculo está mais ligada à temática abordada do que a um gênero teatral específico, evidenciando a diversidade e a complexidade das experiências femininas dentro das limitações impostas pela sociedade e pelo patriarcado.

O que o espetáculo faz de forma excepcional é mostrar que as dores e anseios femininos são múltiplos, não podendo ser reduzidos a uma única perspectiva ou à caracterização simplista de um único tipo social feminino, como a mulher proletária. Ele nos lembra que as limitações sociais e patriarcais podem restringir a mulher, mas jamais são capazes de sufocar seus anseios e sonhos mais profundos.

Com seu olhar sensível e poderoso, o núcleo Coras do Grupo Dolores Boca Aberta nos brinda com um espetáculo que transcende as barreiras do tempo e do espaço, ao retratar as vozes silenciadas e as histórias não contadas das mulheres proletárias. É uma ode à resistência, à força e à determinação dessas mulheres, que encontram no teatro uma plataforma para expressar sua verdade e inspirar a todos nós.

Ficha Técnica

Direção Geral: Erika Viana 

Assistência de Direção: Tati Matos

Codireção: (1a Versão Mostra Processo - 2019) Gustavo Idelbrando Curado

Roteiro: Núcleo "Coras"

Dramaturgia: Erika Viana

Textos: Cristina Assunção, Erika Viana, Nica Maria, Tati Matos, Cora Coralina, Carolina de Maria de Jesus, Patricia Galvão (Pagú) e Angela Davis. 

Concepção e Direção de Iluminação: João Alves 

Atrizes: Cristina Assunção, Erika Viana, Nica Maria e Tati Matos

Músico: Fernando Oliveira

Produção: Nica Maria e Núcleo As Coras

Figurino: Nica Maria 

Cenário: Núcleo As Coras

Sonoplastia: Fernando Oliveira 

Operação de Luz: João Alves

Direção musical: Fernando Oliveira 

Arranjos musicais: Fernando Oliveira e Tati Matos

Musicas:

  • Todas as Vidas, composição de Tita Reis (inspirado no poema de Cora Coralina)
  • Histórias de Vó, composição de Tita Reis
  • Rosas e Desvios, composição de Erika Viana e Renato Gama

Design e Artes: Ane Melo

Crocheteira: Luzineide Rodrigues de Sales Pereira

Costureira: Maria das Graças (Graça)

Registros: Damy Belquior e Xandi Gonçalvez

Comunicação: Núcleo as Coras e Xandi Gonçalvez

Coletivo Dolores Boca Aberta e seus integrantes: Cristiano Carvalho, Cristina Assunção, Erika Viana, Fernando Couto, Fernando Oliveira, João Alves, Luciano Carvalho, Luiz Mora, Nica Maria, Tati Matos,Tiago Mine, Yago Carvalho.

Agradecimentos: As Mulheres que nos inspiraram com seus poemas, histórias, dores e amores: Margareth Bernardo Viana. Em Memória: Dona Nazaré, Dona Marô, Dona Deôla e Dona Zélia. Aos integrantes da oficina de teatro (Núcleo Experimental Dolores), Orlan Mortari e Mariana Moura na consultoria de criação gráfica. Ane pela parceria e criação das artes, Gustavo Idelbrando Curado e todas as Mulheres que vieram antes de nós.

Todas as Sextas e sábados até 24/06/2023 às 20:00hs

CDC VENTO LESTE

Rua Frederico Brotero, 60 - Jardim Triana (Próximo ao Metrô Patriarca)

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