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Mostrando postagens de junho, 2022

O espetáculo "Boris" está pronto

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 Assistir ao espetáculo “Bóris não está pronto” foi uma experiencia duplamente recompensadora, tanto pelo espetáculo por si, quanto por ver o desenvolvimento do trabalho do Coletivo Dolores Boca Aberta que conheço há muitos anos, mas que eu já há algum tempo não acompanhava (erro meu). Trata-se de um belíssimo espetáculo que discute a masculinidade de forma singular.  De partida o trabalho se inicia com um tema musical que para mim é um achado, uma canção que é muito popular entre os adolescentes há mais de 30 anos pelas escolas da periferia paulistana, mas que colocada no contexto que o espetáculo nos propõe, passa a simbolizar o método na formação do jovem dentro da cultura machista, é curioso rever e passar a "estranhar" uma música tão conhecida. As maneiras como homens e mulheres se comportam correspondem aos aprendizados socioculturais que nos ensinam a agir de acordo com prescrições de cada gênero. Além da determinação de dimensão biológica e associada à natureza (sex

Um Jardim para Educar as Bestas

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 As múltiplas fontes de inspiração e os múltiplos criadores da cena de “Um Jardim para Educar as Bestas” criam algo único. Trata-se de uma criação coletiva dos artistas Eduardo Okamoto, Isa Kopelman, Marcelo Onofri e da produtora criadora Daniele Sampaio estreia nacionalmente na Mit em 04 de junho, na Biblioteca Mário de Andrade. Trata-se de um duo para piano e atuação que reescreve um dos trinta e seis capítulos do livro “Homens Imprudentemente Poéticos”, de Valter Hugo Mãe: “A Lenda do Oleiro Saburo e da Senhora Fuyu”. Originalmente ambientada num Japão antigo, a trama é transposta para o sertão brasileiro, em diálogo com textos de Ariano Suassuna, Guimarães Rosa e Euclides da Cunha. Foto de Nina Peres Ao se observar as diferentes fontes utilizadas para criação do espetáculo, pode-se ter a falta impressão de que trata de espetáculo hermético, com referências complexas, cifradas. O que ocorre é o exato contrário, as cenas são claras, nada confusas. A trama é bem urdida, bem-acabada. C

O mais do que nessário Papa Highirte

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 Muitas vezes ao assistir a espetáculos relevantes para o momento digo que é um trabalho necessário. A montagem do Grupo Tapa para "Papa Highirte" de Oduvaldo Vianna Filho vai muito além disto. Devo começar pela importância de se trazer a público uma obra ainda pouco conhecida de um grande autor nacional. Não se trata de qualquer texto, trata-se de uma das melhores obras do dramaturgo.  Vianinha  é reconhecido como um dos expoentes de uma grande geração. Um autor que só não foi maior porque foi podado duas vezes; primeiro pela ditadura e depois pela doença, que o levou a morte prematura. Só por este mérito esta montagem já mereceria destaque, trazer este texto para cena já é por si algo grande. Ao observar as cenas percebo que se trata de uma peça épica. Mesmo a emoção sendo alcançada em diversos momentos, ela é sempre usada com parcimônia, sempre na medida certa e a favor da compreensão da história. Explico; toda vez que alguma cena chega perto de nos envolver emocionalmen