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Mostrando postagens de maio, 2022

Assistir Foxfinder para que não nos cacem

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 Podemos falar em várias “funções” para a arte, uma das mais relevantes é utilizar a obra artística como instrumento para questionar a realidade objetiva, sendo assim o trabalho nos apresenta subsídios que nos auxiliam a vermos traços específicos de um panorama mais amplo, caso não fossem destacados estes detalhes normalmente passariam desapercebidos, mas quando nos são apresentados sob outra ótica vemos que é algo a ser pensado e se for o caso questionado. A questão seria levar a reflexão, não ao convencimento. É como se pudéssemos sair do contexto social em que vivemos e observá-lo como se fossemos estranhos. A criação de distopias é muito utilizada na literatura e na dramaturgia, porque nesta realidade imaginária o ponto a ser ressaltado pode ser ampliado, sob esta lente de aumento vemos o absurdo. Esta explicação é para mostrar os grandes méritos da dramaturga Dawn King em Foxfinder, em 2011 os regimes de extrema direita estavam ensaiando para voltar, mas a autora percebeu que acon

Revendo a Pane

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Nestes tempos estranhos está cada vez mais complexo produzir espetáculos, devem ser resultado de muito planejamento, pode-se demorar anos para se realizar um projeto, é preciso ter muita persistência. No caso do espetáculo “A Pane” eles já haviam passado pelo todo “calvário normal”, mas próximos a estreia tiveram de paralisar tudo e aguardar mais quase dois anos, a boa notícia é que o esforço compensou, tiveram um resultado mais do que acertado. O teatro é uma Arte de Ofício, e apesar de haver inúmeras teses de doutorado sobre a arte de interpretar é em cena, no jogo entre atores de variadas gerações onde verdadeiramente se aprende o ofício. Mesmo não participando da cena, aprende-se muito. É gratificante ver atores maduros, seguros, de idades diferentes compartilhando seu ofício, jogando em cena. Assisti a estreia há alguns meses, voltei e gostei mais ainda. Todo elenco está seguro, com domínio do texto e da cena, tendo claro tanto a intenção do autor, da diretora (Malú Bazán)   que f

As belas "Mortas" de Oswald na Oswald

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Na sexta feira, 13 de maio, assisti a uma bela encenação na Oficina Cultural Oswald de Andrade da "A Morta" de Oswald de Andrade criada pela Cia Aberta de Teatro, com direção geral de Cacá Toledo, com um grande elenco e ficha técnica - todos muito competentes. A encenação percorre as dependências do térreo do centenário edifício da Rua Três Rios apropriando-se muito bem das diferentes características do prédio. Foto de João Maria Silva Jr Enquanto assistia ao espetáculo me ocorreu que as montagens dos textos modernistas deveriam ser recorrentes, penso que seria útil na construção de um olhar diferenciado sobre nossa herança teatral, além de conhecermos melhor detalhes de um texto tão elaborado, veríamos os diferentes matizes dos encenadores, tendo os mesmos textos como partida. A ideia me ocorreu por conta da pungência da montagem da Cia Aberta que não se eximiu das dificuldades impostas pela dramaturgia, pelo contrário, expôs cenas narrativas que não eram de fácil assimila